Verde e perigosa: praga asiática se espalha por praias paradisíacas de SP



Essa semana está sendo marcada pelo registro do mexilhão-verde em praias paradisíacas do litoral paulista, inclusive em áreas protegidas. A espécie é invasora, originária das águas quentes do Indo-Pacífico e preocupa os pesquisadores, pois tem potencial para desequilibrar o meio ambiente e dominar toda a costa do Brasil.

Na quinta-feira (6), a espécie foi encontrada no Guaraú, em Peruíbe, pelo biólogo e ornitólogo, Fábio Barata, que foi atraído pela coloração esverdeada do molusco. Após pesquisar e consultar amigos, descobriu que se tratava do Mexilhão-verde (Perna viridis), a espécie invasora originária da Ásia.

“Para a minha tristeza, eu já havia ouvido falar dessa espécie exótica, mas nunca tinha encontrado um exemplar pessoalmente. Hoje, no entanto, tive o desprazer de vê-la com meus próprios olhos”.

No final de semana, monitores ambientais em trabalho de educação ambiental encontraram um exemplar na Praia do Juquiazinho e também na Praia do Arpoador, ambas no Parque Estadual do Itinguçu.

Ainda nessa semana, populares relataram que viram a espécie na Praia do Caramborê, localizada na RDS de Barra do Una, também em Peruíbe. Em setembro, ela foi encontrada em São Vicente.

Desde 2018, ano dos primeiros registros realizados no Brasil, feitos no Rio de Janeiro, a espécie está se espalhando cada vez mais e já foi vista nos estados de Santa Catarina, Paraná, São Paulo e até no Ceará.

No litoral paulista, onde foi detectada a primeira vez em 2023, já foi observada nas cidades de Ubatuba, Caraguatatuba, Ilhabela, Peruíbe, Iguape, Ilha Comprida, Cananéia e Santos.

Como chegou?

De acordo com o doutor em oceanografia pela USP e pesquisador do Instituto de Pesca, Edson Barbieri, que apresentou um trabalho a respeito do mexilhão no último Congresso Latino Americano de Ciências do Mar (Colacmar), a descoberta inicial em águas paulistas ocorreu na região do Porto de Santos. 

Isso pode sugerir que a espécie tenha sido introduzida no Brasil por meio de água de lastro de navios provenientes de regiões onde o mexilhão é nativo. Desde então, tem se espalhado para outras áreas costeiras brasileiras, aproveitando-se da falta de predadores naturais e das condições ambientais favoráveis.

“Quando navios carregam água de lastro em um porto para manter a estabilidade durante suas viagens, eles inadvertidamente capturam uma variedade de organismos marinhos, incluindo larvas, pequenos crustáceos, moluscos e até microalgas. Ao chegar ao destino, essa água é descarregada, liberando os organismos junto com ela e potencialmente introduzindo-os em um ambiente completamente novo e, muitas vezes, vulnerável. Este processo de descarga de água de lastro ocorre em portos de todo o mundo, criando um circuito global de transferência de espécies que, sem medidas de controle rigorosas, pode levar a invasões biológicas significativas”, afirma.

Qual o impacto?

O especialista falou que o impacto da introdução de espécies exóticas marinhas pode ser vasto e de longo alcance, afetando não apenas a biodiversidade local, mas também alterando a estrutura e o funcionamento dos ecossistemas.

“O mexilhão-verde possui um crescimento mais rápido em comparação com muitas espécies nativas, o que lhe confere uma vantagem competitiva significativa em novos ambientes. Esse crescimento acelerado permite que ele se estabeleça e se prolifere rapidamente, competindo diretamente com os mexilhões nativos por recursos vitais, como espaço e alimento. Além disso, o mexilhão-verde pode se sobrepor fisicamente às espécies locais, causando declínios nas populações nativas ao ocupar nichos ecológicos semelhantes”, disse.

Barbieri falou também que há a preocupação que o mexilhão-verde se espalhe e domine todo o litoral do Brasil, especialmente em áreas onde as condições ambientais são favoráveis e não existem predadores naturais para controlar sua população.

“Sua capacidade de se reproduzir rapidamente e de colonizar diversos tipos de substratos facilita sua dispersão ao longo da costa. Além disso, a falta de barreiras naturais, como grandes extensões de oceano aberto, permite que a espécie se mova de um local para outro. O alerta vermelho está sendo dado, pois já há registro dessa espécie em Fortaleza”, afirma.

Em setembro do ano passado, o Diário publicou uma reportagem a respeito da espécie invasora, onde fala mais a respeito do mexilhão verde. Para saber mais e acessar a matéria completa.



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