Walter Parreira, condenado pelo 8/1, era conhecido na Baixada Santista



O representante comercial e fundador do grupo Trincheira Patriótica de Santos, Walter Parreira, condenado por unanimidade pela Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) a uma pena de 14 anos de prisão por envolvimento direto nos atos antidemocráticos de 8 de janeiro de 2023, em Brasília, já foi denunciado em 2023 em São Vicente, quando participava de uma manifestação em frente ao 2º Batalhão de Infantaria Leve, na Avenida Antônio Emmerich, em que pedia-se intervenção militar.

Parreira foi responsabilizado pelos crimes de abolição violenta ao Estado Democrático de Direito, Golpe de Estado, dano qualificado, deterioração do patrimônio tombado e associação criminosa armada. 

Também terá de arcar com uma punição de 100 dias-multa (totalizando R$ 50,6 mil) e com o pagamento de R$ 30 milhões em danos morais coletivos, valor que será dividido de forma solidária entre os demais condenados.

Em vídeos, a Polícia Federal (PF) identificou Parreira usando camiseta e bonés camuflados e segurando nas mãos uma barra de ferro. Na sequência, ele aparece subindo a rampa do Congresso Nacional. 

Depois, no interior do Senado Federal segurando o mesmo objeto e de pé sobre uma bancada. A PF também teve acesso a um vídeo em que Parreira declara ter recebido “um chamamento nacional” e que era “o momento é de ocupar Brasília e ficar lá até a hora do nosso desfecho, da nossa vitória”.

São Vicente

A questão envolvendo Parreira em São Vicente foi publicada pelo Diário em 24 de maio de 2020. 

O advogado Rui Elizeu de Matos denunciou o representante comercial por realizar atos antidemocráticos, junto de um grupo de extrema-direita que, em 19 de abril daquela ano, chegou a utilizar um caminhão de som para fazer o chamamento ao golpe militar. A PF chegou a abrir inquérito.

Junto com a denúncia, o advogado encaminhou inúmeros vídeos que serviram para identificar dezenas de manifestantes que pediam intervenção militar, o fechamento das instituições democráticas, como o STF e o Congresso Nacional, além de invocar a volta do Ato Institucional 5 (AI-5), ferindo a Constituição Federal.

O AI-5 foi o mais duro de todos os atos. Foi emitido pelo presidente Artur da Costa e Silva em 13 de dezembro de 1968, resultando na perda de mandatos de parlamentares contrários aos militares, intervenções ordenadas pelo presidente nos municípios e estados e também na suspensão de quaisquer garantias constitucionais, como a liberdade de expressão e de imprensa, que eventualmente resultaram na institucionalização da tortura, comumente usada como instrumento pelo Estado.

Espancamento

Em Brasília, imagens dão conta que Parreira teria participado ainda do espancamento de um policial e de um cavalo. Ele também chegou, à época, a fazer chamamento, nas redes sociais para participar dos atos golpistas, pedir que comerciantes financiassem ônibus e ainda apontou a empresa e o valor do aluguel do ônibus (R$ 17 mil). 

A empresa negou participação no ato golpista, alegando não saber o real objetivo da contratação.

Apesar dos vídeos, em que Parreira aparece convocando as pessoas e no meio da multidão durante o ataque ao policial e seu cavalo, o empresário chegou a declarar à Imprensa que estava em Brasília para um congresso da Seicho-No-Ie. 

Detido na Penitenciária II Dr. José Augusto Salgado, em Tremembé (SP), Parreira está preso desde o dia 23 de outubro de 2023, quando a Polícia Federal (PF) deflagrou a 19ª etapa da Operação Lesa Pátria, que identificou pessoas que incitaram, participaram e fomentaram a invasão e a depredação do Palácio do Planalto, Congresso Nacional e o STF.  

Ao se defender no STF, o representante comercial admitiu que realmente esteve no Congresso Nacional, mas alegou não ter a intenção de depredar o patrimônio público. 

Ele justificou que a barra de ferro pertencia a outra pessoa que estava no local e mencionou que as palavras proferidas no vídeo representavam apenas um convite às pessoas participarem das manifestações.



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