Um levantamento da ONG Ecomov revelou um aumento de 453,6% no volume de lixo internacional encontrado nas praias do litoral paulista desde 2019. Entre setembro de 2023 e novembro de 2024, foram recolhidos 1,2 mil itens de origem estrangeira, como embalagens de alimentos, bebidas e até botijões de gás.
O Ministério Público de São Paulo (MP-SP) abriu uma investigação para apurar a origem desses resíduos.
Nos últimos seis anos, a ONG registrou mais de 4,7 mil resíduos de outros países no litoral norte, sul e no Vale do Ribeira.
Peruíbe é a cidade com o maior número de ocorrências. A maior parte dos resíduos (51,6%) é de origem chinesa, indicando que navios podem estar descartando lixo no mar durante suas rotas. Veja alguns dos resíduos encontrados no vídeo abaixo:
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Origem do lixo internacional
A Ecomov utilizou aplicativos e ferramentas de identificação para catalogar 40,5% dos resíduos encontrados.
Entre os itens mais chamativos estão embalagens de café da China, refrigerantes coreanos, russos, iranianos e até ração humana chinesa. Um botijão de gás de origem chinesa foi considerado o objeto 'mais polêmico' encontrado.
Segundo a ONG, os resíduos podem levar de dois a seis meses para chegar às praias após serem descartados em alto-mar.
Muitos produtos ainda estão dentro do prazo de validade, com 30 a 40 dias de fabricação, o que sugere descarte recente.
A falta de fiscalização e gestão portuária é apontada como uma das causas do problema.
Aumento anual de resíduos
O levantamento mostra um crescimento constante no volume de lixo internacional encontrado:
2019: 220 resíduos (13 países);
2020: 400 resíduos (14 países);
2021: 600 resíduos (18 países);
2022: 900 resíduos (19 países);
2023: 1.300 resíduos (13 países);
2024: 1.218 resíduos (20 países).
Medidas
O Ministério Público de São Paulo abriu um inquérito civil para investigar a origem do lixo, sob responsabilidade do Grupo de Atuação Especial de Defesa do Meio Ambiente (Gaema) de Santos.
A Autoridade Portuária de Santos (APS) afirmou que o descarte de lixo no mar é um problema global e destacou o Programa de Gerenciamento de Resíduos Sólidos, que busca minimizar impactos ambientais.
Já a Marinha do Brasil ressaltou que sua responsabilidade é garantir a segurança da navegação e prevenir a poluição hídrica, mas não fiscaliza a faixa de areia.
A Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq) informou que regulamenta a retirada de resíduos de embarcações e promove iniciativas como a Estratégia Nacional Oceano sem Plástico (ENOP) para combater o problema.
O aumento do lixo internacional nas praias do litoral paulista evidencia a necessidade de maior fiscalização e conscientização sobre os impactos ambientais do descarte inadequado.
Enquanto isso, organizações e autoridades buscam soluções para proteger os ecossistemas costeiros e marinhos.
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